1Em 1967 a Câmara Municipal da Póvoa do Varzim promovia a edição das obras completas do poveiro Rocha Peixoto, com a publicação nesse ano do 1.° volume Obras – I: Estudos de Etnografia e de Arqueologia) a que se seguiram, em 1972, o 2.° (Obras – II: Museu Municipal do Porto. Ensino. Política. Ensaios Diversos. Economia.) e, em 1975, o 3.° e último (Obras – III: Primeiras intervenções na imprensa. Catálogos, relatórios e textos afins. Antropologia e Arqueologia. Notícias e comentários. Notas bio-bibliográficas. Críticas e recensões. Polémicas.). A sua organização foi magistralmente conduzida por Flávio Gonçalves que, com um moroso e inestimável trabalho de investigação, identificou os textos, seleccionou as versões alternativas, elaborou as notas bio-bibliográficas e os textos introdutórios a cada um dos volumes e constituiu uma bibliografia exaustiva daquele que é, sem dúvida, o mais brilhante e estimulante dos etnógrafos portugueses vindos do século XIX.

2A intenção de publicar na Colecção Portugal de Perto uma selecção dos textos etnográficos de Rocha Peixoto vem de um encontro que, em 1982, tivemos com Flávio Gonçalves, a quem convidámos a escrever um estudo que prefaciaria o volume. Este estudo, no entanto, por indisponibilidade de tempo, foi sendo adiado e, com o seu trágico desaparecimento, irremediavelmente afastado. É assim que surge o presente livro, com o título Etnografia Portuguesa, que reproduz o 1.° volume das Obras, de há muito esgotado, ao qual foi acrescentada a Bibliografia, restituindo-lhe assim total autonomia como livro de referência para o conhecimento da etnografia de Rocha Peixoto no contexto da sua vasta obra.

3Esta reedição só se tornou possível graças à autorização imediata e incondicional de Maria José Gonçalves, viúva do Organizador, para a sua reprodução, pessoa a quem deixamos, por isso, o nosso reconhecimento. Do mesmo modo, agradecemos a Manuel Lopes e ao seu entusiasmo por este projecto e, através dele, à Câmara Municipal da Póvoa do Varzim, que permitiu a presente reedição. Desejamos que ela seja, também, uma memória ao perfil de investigador e à personalidade de Flávio Golçalves.

JPB