Retrato de aldeia com espelho
Ensaio sobre Rio de Onor
A aldeia de Rio de Onor apresenta-se com um estatuto de tão excepcional singularidade que dificulta a análise e os discursos que a envolvem. A sua localização sobre uma linha de demarção fronteiriça, em contiguidade com a aldeia espanhola sua homónima, sendo factor de diferenciação - entre Rio de Onor e Rihonor de Castilha - e recurso local na definição de estratégias identitárias, reforça aquela individualidade de excepção, constituindo-se em obstáculo à delimitação da unidade sob observação....
Éditeur : Etnográfica Press
Lieu d’édition : Lisboa
Publication sur OpenEdition Books : 1 février 2021
ISBN numérique : 979-10-365-1636-8
DOI : 10.4000/books.etnograficapress.2100
Collection : Portugal de Perto | 34
Année d’édition : 1996
ISBN (Édition imprimée) : 978-972-20-1114-3
Nombre de pages : 396
Índices
A aldeia de Rio de Onor apresenta-se com um estatuto de tão excepcional singularidade que dificulta a análise e os discursos que a envolvem. A sua localização sobre uma linha de demarção fronteiriça, em contiguidade com a aldeia espanhola sua homónima, sendo factor de diferenciação - entre Rio de Onor e Rihonor de Castilha - e recurso local na definição de estratégias identitárias, reforça aquela individualidade de excepção, constituindo-se em obstáculo à delimitação da unidade sob observação. É também uma aldeia com “excesso de biografia”, pois o estudo detalhado de que fora objecto nos anos quarenta e cinquenta veio a estar na origem de um processo local de produção e incorporação de imagens e representações, com consequências práticas, que designámos globalmente por “efeito Rio de Onor”. São estes factores que contribuíram e favoreceram urna prolongada permanência no tempo de formas de organização que neste livro são discutidas no contexto europeu e, mais detalhadamente, peninsular. Questões aqui tratadas a partir de urna aldeia comunitária como outras, mas que se apropriou da imagem que do seu comunitarismo lhe foi devolvida.
Joaquim Pais de Brito nasceu em Nelas em 1945. Depois de estudos na Faculdade de Direito de Coimbra, faz a sua formação académica em Antropologia em Paris na Universidade de Jussieu e na École des Hautes Études en Sciences Sociales. No final do ano de 1975, inicia a sua investigação de campo em Rio de Onor — de que acompanha as transformações ao longo de cerca de uma quinzena de anos e que é o universo de referência principal da sua pesquisa sobre formas de organização comunitária — tema da sua tese de doutoramento agora apresentada em livro. Faz parte do grupo de docentes que, em 1982, cria a licenciatura em Antropologia no ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) onde é professor. É também esse o ano em que funda, para as Publicações Dom Quixote, a Colecção Portugal de Perto, que se tem vindo a constituir como uma das principais referências bibliográficas da investigação etnográfica e antropológica sobre Portugal. A sua investigação e trabalhos publicados dividem-se pelo estudo da etnografia portuguesa, seus percursos, práticas teóricas e desenvolvimento actual e os modos de constituição e reprodução de formas de expressividade popular, suas permanências e transformações. É, desde 1993, Director do Museu Nacional de Etnologia.
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