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Práticas de Caridade e Assistência em Évora (1650-1750)

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Rute Pardal

Resumo

Full text

Práticas de caridade e assistência em Évora (1650-1750)

1Este estudo desenvolve-se em torno das práticas de caridade e assistência vivenciadas em Évora entre 1650 e 1750 e organiza-se a partir de duas perspetivas de análise: a primeira centra-se nas instituições de assistência, nos seus administradores e nas suas opções enquanto distribuidores de recursos. A segunda desloca-se para a comunidade, procurando as famílias e/ou os indivíduos que, em algum momento da sua vida, foram considerados pobres, ou se apresentaram como tal e, nessa condição, beneficiaram de apoio formal. Como suporte a ambas, procedemos a uma análise de índole comparativa, colocando a realidade de Évora no contexto nacional e europeu, com o objetivo de encontrar resposta às questões que guiaram toda a investigação: que significava ser pobre em Évora, no período moderno? Quem eram os pobres e quantos eram? Que tipo de apoio lhes era concedido e que significado tinha nas suas vidas? Como se relacionaram os pobres com as instituições que os assistiam, isto é, com a Misericórdia de Évora, que também administrava o legado do cónego Diogo Vieira Velho que, como se verá, obedecia a lógicas próprias, e com o Cabido da Sé? No decorrer da análise demonstrar-se-á que o recurso à assistência foi apenas uma das várias estratégias de sobrevivência usadas pelos pobres – por aqueles que tinham nas galinhas que recebiam mensalmente algum conforto numa vida de miséria, mas também por aqueles outros que recorriam à assistência no contexto de dívidas contraídas para casar uma filha ou colocá-la num convento. Duas situações extremas, de uma realidade que se revelou extramente complexa e plural, que não se deixou captar com facilidade, mesmo quando se recorreu ao cruzamento de uma enorme variedade de fontes e se reconstituiu diversos percursos de vida.

© Publicações do Cidehus, 2015

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