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100 Cartas para Paulo Freire de quienes pretendemos Enseñar

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Francisco Gárate Vergara

2. Tiempos, historia y transformación

Galdino Jesus dos Santos – Pataxó - Presente!

Cláudia Battestin, Antônio Lopes Santana et Adroaldo Fidelis

Texte intégral

1Paulo Freire parte do plano terreno no ano de 1997, e deixa em suas gavetas cartas, cartas de indignação. No ano de 2000, um presente chega aos leitorxs do mundo, uma publicação póstuma com escritos de Freire, intitulada: Pedagogia da indignação: Cartas pedagógicas e outros escritos. Quanta alegria, saudade e curiosidade ao folhar as páginas do que Freire havia escrito, pensado e sentido. As cartas curtas, talvez como estas escritas neste livro, apresentam um caráter ético profundamente universal, de indignação e clamor a vida.

2Um dos escritos deste livro nos acompanham nas formações com as comunidades, a Terceira carta Do assassinato de Galdino Jesus dos Santos - índio pataxó. A indignação de Freire diante o assassinato do Pataxó Galdino, queimado vivo enquanto dormia em um banco na cidade de Brasilia, expressa nas entranhas das linhas, um profundo pesar. Freire inicia a escrita da carta com palavras que ainda nos tocam profundamente: "Que coisa estranha, brincar de matar índio, de matar gente. Fico a pensar aqui, mergulhado no abismo de uma profunda perplexidade, espantado diante da perversidade intolerável desses moços desgentificando-se, no ambiente em que decresceram em lugar de crescer."

3O assassinato de Galdino no ano de 1997 causou espanto e perplexidade, os jovens que atearam fogo, seguem suas vidas sem punição. Em muitos momentos nos perguntamos: E se Freire estivesse entre nós no século XXI, o que diria das atrocidades, crimes, violência e genocídio cometido aos povos originários no Brasil e América Latina? O que escreveria Freire em suas cartas?

4Freire, lhe contamos aqui, nesta escrita, o que temos vivido desde então. Os povos originários no Brasil estão sofrendo constantes ataques nas últimas décadas. Ao olharmos para a dita “sociedade civilizada”, percebemos vários desequilíbrios que aumentam as desigualdades sociais estruturais, principalmente por uma minoria que é a detentora dos meios de produção, a qual alimenta e pulveriza a falsa ideia de que todos podem se beneficiar dos recursos naturais, mesmo sabendo que são findos, sem se importarem com a devastação ambiental, que suas pseudo - necessidades causam. O resultado dessa ambição desenfreada é a contaminação de solos e água, extinção em massa da fauna e da flora, extermínio de culturas e expulsão dos povos tradicionais de seus territórios. Não podemos perder de vista, que a invasão deste território, colonizado com o nome de Brasil, estará eternamente atrelada ao derramamento de sangue de guerreiras e guerreiros que lutaram para garantir a vida. Um Estado Nacional genocida, ecocida, com o discurso de “evolução”, destruiu florestas inteiras e construiu cidades sob cemitérios onde repousam antepassados desses guerreiros. As constantes tentativas de extinção não apenas de povos originários, mas dos povos de matriz africana marcam as lutas por direitos e dignidade até os dias atuais.

5Freire, seguiremos nos indignando diante das atrocidades cometidas aos filhos da terra. Seguiremos vigilantes diante do preconceito, facismo e racismo. Cuidaremos dos que cuidam da terra, e se ferirem a existência, seremos resistência.

6Demarcação já.

7Não a política genocida.

8Fora Bolsonaro.

9Ninguém solta a mão de ninguém.

Auteurs

Conselho Indigenista Missionário CIMI Brasil

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